sábado, 20 de julho de 2013

DESABAFO DE UM MÉDICO

DO FACEBOOK:

Boa Tarde,

Sou médico e trabalho no SUS em dois hospitais do Rio de Janeiro. Sou natural de Salvador. Conheço praticamente todo o interior do Brasil.

Pessoalmente gostaria de relatar minha indignação com as medidas adotadas pela Presidente Dilma Roussef e seu Ministro da Saúde Alexandre Padilha. Fica claro que o mesmo não conhece a realidade do país e de seus próprios médicos. Sim, podemos ter essa quantidade de médicos informadas pelo ministro, de 1,98 para mil habitantes, mas tem muitos países que tem quantidades inferiores (como Chile, Equador, México, Austrália...) que tem uma saúde pública muito melhor que a nossa. O que falta são locais e infra estrutura para um bom atendimento no interior do país. Falta remuneração digna para esses profissionais com plano de carreira. O ministro ontem na televisão disse que não se importaria de pagar a um médico a mesma coisa que um juiz recebe no interior. Um juiz no interior da Bahia por exemplo recebe 30.000 reais. Por que não oferecer então esse salário a um médico? Tenho certeza que isso sendo oferecido, junto com as melhoras de infra estrutura (por que é bom lembrar que o médico sem a aparelhagem necessária para a realização de exames diagnósticos, ambulâncias para possíveis transferências, medicações, etc, não pode fazer nada) teríamos uma distribuição muito melhor de profissionais do que temos hoje. Citando como exemplos a situação do ambulatório médico da cidade de Canavieiras no interior da Bahia, do município de Codó, em São João dos Ausentes no RS, são locais onde os postos de saúde são construídos como barracos de favela, com chão de terra batida, que não tem um aparelho de radiografia, no caso de São João dos Ausentes, até sem luz elétrica, será que poderíamos considerar essas situações que são comuns, são a regra e não as exceções, no interior do país como dignas para tanto o profissional como para os pacientes? A resposta é não. E acredito que o ministro desconheça essa realidade pois até quando estudante, de acordo com sua própria biografia que está disposta na internet, já estava mais preocupado em liderar movimentos estudantis e se embrenhar como coordenador nacional de campanha do PT (tendo o Lula como candidato) do que se dedicar efetivamente a profissão. O mesmo ainda deve até explicações sobre o seu diploma de especialização que tem evidências de ter sido forjado. Sei que não é necessário ser médico para ser ministro, mas se há mentira numa situação que não teria necessidade de haver, imagino no quanto mais do discurso pode haver de inverdades. Acho muito fácil qualquer pessoa dizer que sabe o que é melhor para o SUS, quando essa pessoa não trabalha ou usa o sistema. E tenho certeza que tanto nosso ministro quanto nossa presidente tem planos de saúde privados.

Não sou contra a vinda de médicos estrangeiros ao País, desde que: Primeiro - se resolva o problema dessa infra estrutura sucateada e praticamente inexistente no interior do País; Segundo - se faça uma melhor remuneração dos profissionais, com instituição de plano de carreira nos moldes do nosso sistema judiciário; Terceiro - seja ofertado primeiro aos profissionais nacionais essas vagas, uma vez já tendo sido resolvido as etapas anteriores e; Quarto - Que esses profissionais estrangeiros sejam submetidos ao exame nacional Revalida. Não consigo entender o esforço que o minístro faz para que isso não seja feito uma vez que é a Lei que profissionais estrangeiros tenham de revalidar seus dioplomas em qualquer lugar do mundo. O minístro gosta muito de citar o exemplo da Inglaterra, dizendo que 40% de seus médicos são estrangeiros. Bom, eu conheço o sistema de saúde inglês. Lá, todos esses 40% de profissionais estrangeiros, que na sua maioria são indianos, tiveram de revalidar seus diplomas. Isso também é a realidade da França, da Alemanha e dos EUA. Por que nosso sistema de avaliação deve ser diferente desses países? Somos piores que eles? E outro dado que não sei por que o minístro não levantou, 70% dos processos por erro médico na Europa são de médicos estrangeiros aos locais onde atuam. Isso mesmo eles passando no Revalida desses locais. Então, imagine num País (Brasil) onde não precisariam fazer prova para exercer a medicina. O minístro diz que o exame como é feito hoje é muito difícil, só que esse exame já foi ministrado em faculdades de medicina do Nordeste e SP e teve quase 80% de aprovação em alunos do sexto ano (esse dado pode ser obtido no site do CFM).

Enfim, o que acho que ocorre é uma inversão de valores. Não se constroi um prédio sem antes construir uma fundação forte e sólida. Vejo nessas medidas do governo uma tentativa de se construir uma casa começando primeiro com o teto.
Espero ter respostas do minístro através de seu site, já que já escrevi diversas vezes ao Ministério da Saúde e não tive resposta.
-Jayme Ramos de Almeida Filho

6 comentários:

Anônimo disse...

Penso que em situações controversas não haja apenas acertos de um lado e apenas erros de outro.
Inequívoca a falta de infraestrutura e esta vem se arrastando e se agravando por razões além da saúde em si e a impunidade é uma delas.Impunidade esta que permite que se arraste pelo ralo da corrupção milhões e milhões de reais que deixam de ser aplicados na saúde e educação, molas mestras de qualquer pais que se deseja Nação.Nesse ponto o caro médico Jayme tem razão pois não tem como construir um edifício pelo teto.Há portanto, que se fazer o saneamento da base.
Não podemos , infelizmente, deixar de realçar por outro lado, a formação médica precária que permite que tenhamos hoje em sua maioria tecnólogos, ou seja, ¨passadores¨e leitores de exames sofisticados e caríssimos em detrimento de um bom e eficaz exame clínico.Parte dos médicos sequer olham para os pacientes o que dirá toca-los...se lá fora a maior parte dos erros médicos acontecem com os estrangeiros, aqui no Brasil os erros ¨nacionais¨são estarrecedores e muitas vezes acobertados pela institução classista.
Em minha modesta opinião, não há como fazer discussões com interesses maniqueistas em que todos sairão perdendo.Como em nossas ações pessoais, temos que primeiro sair de nosso estado de cegueira egocentrica e aceitar nossos erros para conseguirmos transforma-los em nossas virtudes e isto, neste caso específico, se dará por meio de discussões sérias que acontecerão se tivermos colocado as ¨armas¨sobre a mesa e deixarmos valer as boas intenções de verdade e não casuismos eleitoreiros de um lado e a defesa e acobertamento cego de outro.
Márcia Couto.

Anônimo disse...

Denúncia.Ex prefeito Sergio Mendes estou indignada por que levei meu filho ontem ao hospital São José sofrendo com dor de dente desde a madrugada. Moro em Goitacases e é o posto mas perto. Chego lá por volta das 9h da manhã e disseram da portaria que o dentista não tinha chegado.Fiquei esperando até quase 10:30h e perguntei denovo aí me disseram que não teria dentista naquele dia. Estou revoltada, pago meus impostos, pago tantas coisas e na hora que preciso de um atendimento para meu filho não tem dentista no posto da prefeitura, que na propaganda mostra tudo funcionando as mil maravilhas.Desculpa o desabafo Sèrgio Mendes, mas não podia deixar de protestar, tive que levar meu filho a outro posto de saúde e resolver o problema dele.

Anônimo disse...

Campos minha cidade, meu horror!

Anônimo disse...

AS COISAS SÓ VÃO MELHOR QUANDO O BRASIL FOR DIVIDIDO,BRASIL DO NORTE
E BRASIL DO SUL;OS PRESIDENTE TERÁ
MAIS PERTO DOS PROBLEMA.
AI TEREMOS A CONSTITUIÇÃO SENDO LEVADO A RISCA,SAÚDE,EDUCAÇÃO E LASER.AH O MARACANÃ TEM QUE SER
PRIVATIZADO.PARA QUE ESSE DINHEIRO
FAÇA VARIAS VILAS OLIMPICAS EM TODAS CIDADES DO ESTADO DO RJ;ESSA
DICA VAI PARA DEPUTADA CLARISSA E TANTA OUTRAS DICAS,MAS A CLARISSA
É SURDA,NÃO CEGA.VENHA A CAMPOS
QUANDO A PEÇA ,BONITINHA,MAS ORDINARIA.OK

Anônimo disse...

Anônimo de 20 de julho de 2013 11:21
Creio que há um equívoco aí, os dentistas de Campos podem até se atrasar, mas não deixam seus plantões ou faltam sem justificativa e, quando isso acontece, sempre tem um substituto que, pode chegar mais tarde pois a SMS tem que mandar alguém (dentista) que sempre é avisado no dia do plantão que irá realizar, por isso, a demora da chegada do profissional ao HSJ. O mesmo como vc deve saber, não acontece com médicos,que sempre reclamam dos "baixos" salários e, faltam sem quase sempre ter substituto para eles. Creio que no seu caso, foi falta de orientação do posto para que aguardasse o substituto.
Aliás, a falta de estrutura para a medicina, sei que existe, como existe para a enfermagem, odontologia, fisioterapia... Mas o que os médicos reclamam mesmo é: "10.000,00 é poco para trabalhar em locais longe." Não é da falta de estrutura que eles reclamam, é pq querem ganhar muito dinheiro, se oferecerem sei lá, 100.000,00 eles vão atender em qualquer lugar, o problema é o $$$$$, como se 10.000,00 no Brasil fosse salário baixo. Eles estudara, os outros também. Não reclamem se vierem mesmo profissionais de fora. Sei disso pois escuto médicos que mal saíram da faculdade dizendo que vão sair do SUS pois o SALÁRIO é baixo.

Anônimo disse...

Anonimo de 22 de julho de 2013 08:36
Digo e repito: 10000, 00 é pouco mesmo pra ir para estas áreas. Eu já fui e voltei. Sabe porque voltei? Porque pra ficar lá ganhando 10000 reais numa situação onde a saúde é vc com seu estetoscópio, é melhor ficar aqui onde a situação tb não é diferente mas vc tem mais qualidade de vida e fica perto de sua familia. O problema é a forma de interpretar as coisas, ok?! Trabalho bem mais aqui pra tirar 10000, mas ao menos tenho mais qualidade de vida. Vai ser o único médico de uma cidade de 7 mil habitantes, onde tudo falta, menos boa vontade de fazer a diferença e depois venha aqui dizer que só a boa vontade salva a vida e muda a realidade.