terça-feira, 11 de agosto de 2009


Oi, pessoas!
Quero aproveitar o espaço para agradecer as muitas mensagens que recebi no último domingo, seja por Orkut, SMS, cartinhas, e-mails, telegramas, sinais de fumaça etc. Vocês também são muito especiais para mim. Segue uma croniqueta que publiquei no Monitor recentemente. Tudo verdade, hein gente. Fiquei num apartamento com vista para um cemitério do tamanho de um bonde, e nem um fantasminha apareceu... mas tudo bem. Nasceu essa crônica aí... A foto é minha também, mas é so um pedacinho do dito-cujo.
Beijos da Lindinha.

Com vista para o cemitério
Um mundo de sepulturas aparece diante de meus olhos. Da janela de vidro, do décimo quarto andar, meu olhar se perde no imenso Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi, Rio de Janeiro. Quando eu digo “um mundo de sepulturas” não é exagero de uma caipira na cidade grande. O lugar é mesmo enorme, com túmulos a perder de vista.
Na paisagem cinzenta, onde predomina a frieza dos retângulos de concreto, as casinhas azuis do Morro da Mineira se destacam. O morro e o cemitério... Por uns instantes pensei ser um, a extensão do outro. A associação é quase obrigatória quando pensamos em vidas tão vulneráveis à violência que explode nos morros, resultado do tráfico de drogas e da desigualdade social.
Deve ser estranho acordar e, ao olhar pela janela, contemplar aquela paisagem. Confesso que fiquei a observá-la durante um bom tempo, atraída pelos mistérios que sempre rondam lugares como aquele.
A noite cai e retorno à janela. Nunca tinha visto um cemitério à noite. Por lá, um silêncio mórbido e apenas umas luzinhas verdes, pálidas, a travar uma batalha desigual com a escuridão. O cenário, salpicado de crucifixos, imagens, esculturas de anjos e santos, é um convite à reflexão. Coisas como o sentido de nossa existência e a vida após a morte.
Pela manhã, percebo uma movimentação lá embaixo. Algo além da presença dos moleques que driblam os túmulos, de olhos fixos no céu, em sua eterna perseguição às pipas “voadas”, como dizem os meninos da minha rua. É mais um dos muitos enterros que acontecem diariamente na enorme morada dos mortos. O cortejo sai da capela e segue lento por uma das ruas estreitinhas do cemitério. Acompanho a cena com um nó na garganta e uma estranha vontade de chorar por alguém que sequer conheci. No fundo sei que as lágrimas são para todos aqueles que amo e até por mim mesma, afinal este é o destino de todos nós. Uma linha muito tênue separa vida e morte.
No final de mais um dia, a paisagem me obriga a buscar a máquina fotográfica para um registro. O sol se despede da quarta-feira de julho, tingindo o céu de um dourado lindo. Ao longe, as casinhas azuis do morro, o cemitério, as luzes que começam a iluminar a cidade grande. A “morte” temporária do sol me traz uma esperança. A esperança de um dia também poder renascer.

4 comentários:

Jane Nunes disse...

Lindinha, que lindo,você é mesma fera maninha!Sua sensiblidade é cintilante rsrs. Posso publicar também no Coisas de Menina?
bjs

Patrícia Bueno disse...

Fique à vontade, Docinho! Será uma honra pra mim...
Saudades.

Rose David disse...

Amei o texto, Pat. E já vou logo pedindo desculpas por minha falha no último domingo. Então, vou cantar pra você, como costumo cantar pra todos os meus amigos, quando esqueço de seus aniversários:

"Parabéns pra você,
naquela data esquecida,
muitas felicidades,
muitoooossss anossssss de vida!"

Beijos.

Patrícia Bueno disse...

Ah, Florzinha, obrigada! Parabéns é bom em qualquer ocasião... Vruuuuuuuuuum... (barulhinho de assoprar vela). Êeeeeeeeeeeee!
Beijo.