Etevaldo Pessanha
As recentes declarações do grupo EBX sobre a inviabilidade comercial dos quatro campos da
OGX na Bacia de Campos deixaram perplexos investidores e técnicos. A empresa admitiu
inclusive a suspensão de operação do campo Tubarão Azul, que vai parar de produzir em
2014, trazendo assim graves consequências para o grupo.
As projeções feitas anteriormente deverão ser desconsideradas pelos investidores. Os
planos de construção de cinco unidades, que dariam suporte à operação da OGX, criaram uma
expectativa de produção de 25 mil barris de petróleo por dia (bpd), muito além da realidade,
que gira em torno de 3,5 mil bpd, inviabilizando assim todo o planejamento do estaleiro OSX.
Em relatório divulgado na última semana, a equipe da corretora Planner afirmou que o
comunicado de Eike “altera praticamente todo cenário no qual se baseavam as expectativas do
mercado, partindo agora para outro patamar, muito mais de sobrevivência que de crescimento”.
A Planner ressalta que a empresa ainda possui ativos interessantes, mas que precisariam de
recursos para serem desenvolvidos. E, no momento, eles não existem. “Com isso, restam poucos
caminhos para a empresa”.
O que fica no ar? Depois dos últimos acontecimentos, temos que pensar em nossa região.
É hora de convocar o grupo EBX, para que este nos esclareça tantos passivos e expectativas
gerados com seus investimentos. Prefeituras envolvidas, Ministério Publico, Governo Federal
(que tanto financiou!) precisam dar suas explicações e responder a indagações que estão
presentes em todas as rodas de discussão. Nesse momento, muitas perguntas ficam no ar:
qual o destino do complexo em andamento? A Petrobras assumirá o Porto como base do pré-
sal? E o condomínio industrial, que possui empresas contratadas como a Technip, GE, NOV,
Wartsilã , Intermoor, entre outras? E o mineroduto, será desativado? E a termoelétrica, agora
sob domínio alemão? E as desapropriações? E o corredor logístico? Sabemos da complexidade
do assunto, mas não podemos ser meros espectadores e tomar conhecimento das ações de
forma tardia.
Precisamos nos impor e iniciar um manifesto em prol da transparência do Complexo do
Porto do Açu. Até porque, não é apenas a fortuna de Eike Batista que está em jogo. Trata-se
de um empreendimento com impacto em diversos municípios da nossa região. Este sim é o
grande “X” da questão.
Fonte: Jornal Folha da Manhã
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