Falta de matéria prima tem prejudicado o avanço do etanol no Rio

Ururau online

 Carlos Grevi/Mauro de Souza

Aproximadamente 94% do álcool consumido vem de outros estados

“O estado do Rio de Janeiro é o segundo maior consumidor de combustível do país, e aproximadamente 94% do álcool consumido (tanto o misturado na gasolina, o anidro, quanto o puro, hidratado) vem de outros estados, principalmente São Paulo e Minas gerais. E com isso o estado deixa de gerar renda e recursos próprios”. Disse em entrevista ao site Ururau o presidente da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), Frederico Paes. Para ele, o que falta na verdade é matéria prima e aumento da produção.

Nesta quinta-feira (04/07), a cooperativa deu um passo importante para alavancar o setor sucroalcooleiro da região, assinando um convênio de mais de 18 milhões com o Governo Federal e Caixa Econômica para investimento no setor.

Segundo Frederico, Campos produz o equivalente a 0,06% de etanol para todo o estado do Rio, e com esse convênio, a possibilidade desse número dobrar em apenas dois anos, é muito grande. “Para isso iremos aumentar nossa produção, pois se não investirmos na nossa região, estaremos gerando imposto, emprego e renda para outros estados. Só teremos resultados positivos se produzirmos, pois só se tem álcool se produzir cana, dessa forma iremos aumentar nossa produção de etanol”, ressaltou.

O álcool é uma energia renovável e consegue expandir, consideravelmente, sua capacidade de produção sem atingir o meio ambiente. De acordo com Frederico, com a expectativa da cooperativa, já para o próximo ano é atingir 50% da produção de cana-de-açúcar sem queima, terá um combustível praticamente perfeito.

“A nossa região é dependente dos royalties, isso é um fato. O que a gente precisa entender é que temos que diminuir mais essa dependência e começar a gerar outras fontes de renda, que não seja proveniente do petróleo. Para isso é preciso mais investimento em outros setores e indústrias locais”, conclui o presidente.

PRODUÇÃO DE ETANOL

A safra da cana-de-açúcar é sazonal iniciando em abril e terminando em novembro. Neste período ocorre o amadurecimento da cana devido a fatores climáticos como falta de umidade, luminosidade e frio. Com o amadurecimento, as canas passam a ser cortadas de forma planejada. Depois de cortada e transportada para a usina, a cana-de-açúcar é quantificada, qualificada e depois enviada para a moagem, onde se inicia o processo de fabricação do açúcar e do etanol.

A fermentação é batelada (processo fermentativo caracterizado pela inoculação e incubação de micro-organismos), consistindo de 10 dornas abertas e 04 pré-fermentadores. As dornas tem capacidade volumétrica de 296.000 litros cada. De acordo com o químico industrial da Coagro, Eraldo Schwartz, é na fermentação que ocorre a transformação dos açúcares em etanol, ou seja, do açúcar em álcool. Ainda segundo ele, uma levedura especial, denominada Saccharomyces Cerevisiae, é utilizada no processo de fermentação alcoólica.

“No processo de transformação dos açúcares em etanol há desprendimento de gás carbônico e calor, portanto, é necessário que as dornas (recipiente de madeira) sejam fechadas para recuperar o etanol arrastado pelo gás carbônico e o uso de trocadores de calor para manter a temperatura nas condições ideais para as leveduras. A fermentação é regulada para 28 a 32ºC. O mosto (mistura açucarada destinada à fermentação alcoólica) fermentado é chamado de vinho. Esse vinho contém cerca de 6,0 A 7,5% de etanol. O tempo de fermentação é de 8 a 10 horas”, explicou o químico.

Após a fermentação a levedura é recuperada do processo por centrifugação, em separadores que separam o fermento do vinho. O vinho delevurado irá para os aparelhos de destilação onde o etanol é separado, concentrado e purificado. O fermento, com uma concentração de aproximadamente 60%, é enviado às cubas de tratamento. O álcool hidratado produzido é encaminhado para os tanques de armazenamento para posterior carregamento.