— HOJE É O NOSSO DIA! — bradam umas com visível entusiasmo.
— Hã?... Hoje é o nosso dia? Que dia? — balbuciam outras com natural desânimo.
E assim, eufóricas ou melancólicas vamos vivendo nossa condição feminina.
De tão observadas merecemos rótulos: vitoriosas, guerreiras, apáticas, pragmáticas, divertidas, mal-humoradas, antenadas, autocentradas, extrovertidas, introspectivas, peruas, simplesinhas, princesas, bruxinhas, temperamentais, “as que amam demais”... e sofrem.
Sofremos de TPM (que também pode ser traduzido por as que resolvem Todo Problema do Mundo).
Vivemos intensamente 25 horas por dia: correndo, ao volante, frente ao computador, falando ao celular... Em casa, na rua, no trabalho, nosso radar está sempre ligado.
Travamos lutas diariamente com dois inimigos mortais: o espelho e a balança.
Somos chiques. Damos choques e chiliques.
Nossos sonhos de consumo vão desde ver “o filho encaminhado na vida” ao saber caminhar elegantemente num salto sete e meio ao estilo Gisele Bündchen.
Furiosas, descemos do salto, subimos nas tamancas.
Serenas, levitamos qual borboletas em torno da flor.
Radicais. Ora estamos para brilhar, ora para dar brilho, pois com a mesma elegância manuseamos canetas, pincéis e vassouras.
Poderosas, nos transformamos em Mulher Gato.
Ensimesmadas, aquietamos num canto tal qual Gata Borralheira.
Donas do próprio nariz, às vezes, quebramos a cara com atitudes unilaterais.
Habitam em nosso ser múltiplas meninas: a romântica, a vaidosa, a organizada, a desprendida, a assustada que de mãos dadas nos transformam na mulher que somos.
E somos movidas a projetos que vão desde o mais sério ao mais fugaz: morar num triplex, possuir uma Hillux, aplicar botox... Mas o xis da questão é quando projetamos nossa felicidade no outro e o usamos como muleta emocional...
Rimos. Choramos.
Trocamos a cor dos cabelos, o estilo do penteado mas, dificilmente, de opinião.
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Walnize Carvalho
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