domingo, 6 de setembro de 2009

Acordando o Domingo!



TUAREGUE


Como tuaregue envolta em panos de gaze,
véu azul índigo,
busco, olhos e olhar de fora, uma calma para dentro,
perdida entre o centro e o S do deserto de Saara.
Saara,
sem ar,
não sara,
ara de deuses que me abandonaram.
Não sei falar berber e meu português é cativo,
vive hoje em subcasta.
Das palavras que sobraram,
algumas sem som;outras sem sentido,
cato estas, pra escrever nas areias do deserto.
Tudo é areia: arranha,
desgasta,
desbasta
chicoteia a alma e a tempestade não passa.
Tudo se arrasta como réptil camaleônico
na rasteira poeira do só.
Passaram-se 720 horas,
em quilômetros de saudade
um tagelmust cobre meus longos e intocados cabelos
pra sempre presos ao traçado de seus dedos
em tramadas tranças,
quase coques, de senhora recatada e fria,
agarrada ao missal de domingo.
Campos, 12 de outubro de 2007.

Edinalda Maria


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2 comentários:

Anônimo disse...

Jane Antonia, queridíssima,
PERFEITO! Senti, para ser honesta, meu corpo envolto em gazes e , sobre as desérticas e quentes areias de meu terraço (re) presentado, esqueci o piso frio,as paredes de argamassa e dancei, feito criança presenteada! bjs agradecidos,
Maria Maria

Jane Nunes disse...

Que bom! Maria Maria, fica boa logo heim ... Seus escritos estão fazendo falta.