sexta-feira, 20 de março de 2015

TCHAUZINHO!


Por Fernando Leite 
Minha filha Lívia com Rosinha, carinho perpetuado  ...
Durval tinha alma de passarinho, aquele do Mário Quintana, naturalmente.
Cortava a cidade, vendendo a sorte, enquanto rememorava as canções da jovem guarda, 

praça que sonhava ganhar um dia, onde seria mais um dandy da côrte do rei Roberto

Carlos.
Mas Durval era mais que isso. Era coragem e desafiadora e atávica ousadia. Sem se dar

conta disso.
Pintou as unhas antes de Alice Copper, usou maquiagem antes de Cauby, exibiu sua

adrogenia libertária e feliz, aqui, na vila carola, sob os bigodes do conservadorismo mais

 arraigado que domava a Planície e seus domínios.
Tudo, como se tudo fosse normal. E pra ele, era.
Nessa época Durval não era só Rosinha. Era uma versão de um cantor cigano que lhe tirou

 do sério, Sidnei Magal. No meio da frase, que oferecia o bilhete da loteria, não se continha,

 e com voz impostada, botava a compra à perder: "é a cigana Sandra Rosa Madalena, é a

mulher com quem eu vivo a sonhar"... É Magal, né? E seguia, encantado.
O tempo, esse ladrão de sonhos, roubou o vigor e a sua utopia. Durval envelheceu, já não

era mais "o garoto papo firme que o Roberto falou"
Durval, então, se acomodou na personagem de Rosinha. Uma figura dulcíssima, que saia

 iluminando a cidade com seu sorriso indistinto e o emblemático cumprimento de mão, o

tchauzinho.
Agora chega a notícia que ele morreu. De novo, o tempo, esse ladrão de memória, terá

imenso trabalho de afastar das esquinas, das avenidas, das praças, rodoviárias, do centro,

sua figura repentina, sua alegria renitente.
Tchauzinho, né!

Um comentário:

Anônimo disse...

Comentar mais o que ?
Campos que fez quadrilheiro fez também Rosinha,a NOSSA querida rosinha,Dirval nas horas vagas ,que nos ENCHE DE ORGULHO porque nos mostra que não apenas de monstros se faz a humanidade.
Viva Durval,SALVE NOSSA rosinha ,rouxinol que nos encantava a todos por onde passava e ,nas horas vagas,vendia bilhetes de loteria porque dinheiro para ele(a) era apenas e tão somente ...um mero detalhe...