quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Por uma Fundação Monitor Campista

Os jornais impressos vão morrer. Mas o Monitor Campista não deveria ter morrido. E justamente em razão da morte anunciada deste tipo de mídia.


Quando, em 2009, o Monitor fechou as suas portas, lamentou-se a perda da circulação de uma alternativa de informação, a perda da condição de cidade sede do terceiro mais antigo jornal do país, e a perda da fonte de sustento para dezenas de trabalhadores.

Mas havia mais que isso. Perdemos uma oportunidade de termos, no futuro, um bem cada vez mais raro, algo que o município poderia ter escolhido preservar vivo para conservar um laço concreto com o passado, como quem preserva uma antiga igreja, um antigo solar.

Pode parecer exagero, mas via o Monitor Campista, daqui a 50 ou 100 anos, até mesmo como atração turística (como, a propósito, deveria ser Ao Livro Verde), sem prejuízo do seu potencial como empreendimento viável financeiramente.

Imagine, em um cenário onde há cada vez menos impressos, uma cidade ter para mostrar um jornal de mais de 200 anos, ainda em circulação, como teríamos daqui a pouco mais de 25 anos (o Monitor foi assassinado aos 175 anos!). O modo de fazer um impresso, as rotativas funcionando, a circulação, o próprio produto, tudo isso será muito curioso daqui a cem anos. É algo como ver a prensa de Gutenberg funcionando hoje.

Evidentemente esta não seria a única função do jornal. Todas as demais plataformas de leitura deveriam ser desenvolvidas (como vinham sendo), como qualquer outro veículo, e a sua missão de produtor diário de informação, naturalmente, deveria ser mantida.

Todos poderíamos acessá-lo em nossos celulares, ou nos óculos do google, o que mais aparecer, mas haveria, para orgulho caprichoso da cidade, uma pequena tiragem impressa para assinantes admiradores da publicação, para órgãos públicos, para os turistas.

Agora, quando discutimos os meios de trazer de volta o acervo do Monitor Campista para a cidade, insisto que não devemos pensar no seu legado como algo morto, que encerraremos em uma sala do Arquivo Público Municipal. É claro que a vinda do acervo será um passo importante, e espero mesmo que consigamos, mas não podemos ficar apenas nele.

O futuro que sonho para o jornal é o retorno da sua publicação, editado por uma Fundação Monitor Campista, que conserve o seu acervo, viabilize o acesso de pesquisadores e turistas, seja um centro de preservação da memória da imprensa local, e consiga demonstrar que a força histórica do Monitor conseguiu ser maior do que a omissão de uma geração que permitiu a sua “descontinuidade” em um remoto 2009.

Fonte: Blog urgente! - Vitor Menezes

Um comentário:

Anônimo disse...

Abaixo- assinado talvez?

Pais ( município ) sem memória atesta o descaso dos que governam e a idiotia de seu povo.