sexta-feira, 14 de junho de 2013

Após 4 horas, manifestação contra aumento da tarifa de ônibus termina

Terminou por volta das 22h desta quinta-feira (13) o protesto contra o aumento da tarifa de ônibus no Centro do Rio. Até as 20h45 a manifestação era pacífica, no entanto, houve confronto quando manifestantes sentaram no cruzamento das avenidas Rio Branco e Presidente Vargas. Até as 22h45, pelo menos 18 pessoas foram detidas, embora a polícia não confirmasse o número oficialmente. Na 5ª DP (Gomes Freire), para onde foram levados dois dos manifestantes, um grupo ficou na porta da delegacia à espera dos companheiros.
Durante o protesto, a Tropa de Choque da Polícia Militar utilizou bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Em resposta às bombas, manifestantes jogaram flores nos agentes policiais.
O estudante Philippe Brissant de Andrade Lima, de 19 anos, foi atingido no olho por uma bala de borracha. De acordo com o advogado do jovem, André de Paula, Phillipe foi levado para o Hospital Souza Aguiar, no Centro, onde passa por exames.

“Ele me mandou uma mensagem dizendo que tinha levado um tiro de bala de borracha na cabeça. Ainda não consegui nenhuma informação aqui no hospital. Me disseram apenas que ele está no centro cirúrgico”, disse Cristiane Brissant, mãe do jovem, acrescentando que ele faz um curso de computação na Rua do Rosário, no Centro, onde ocorreu a manifestação. Os pais do rapaz não souberam informar se o jovem estava apenas passando pelo protesto quando foi atingido ou se estava participando do ato público.
“Ele foi baleado pela polícia numa atitude de vandalismo. Isso é um abuso de autoridade”, diz André de Paula.
Camisa ensanguentada do estudante Philippe Brissant de Andrade Lima  (Foto: Priscilla Souza/ G1)Camisa ensanguentada do estudante Philippe
Brissant de Andrade Lima (Foto: Priscilla Souza/G1)
Os manifestantes também atearam fogo em papéis, entulho e em pilhas de lixo que estavam nas calçadas. Pedras foram jogadas em janelas de bancos, estabelecimentos comerciais e de pontos de ônibus.

Um policial civil que estava em frente a Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), que fica próxima a Central do Brasil, foi atacado por manifestantes, que tacaram pedras e coquetel molotov. O agente conseguiu se desvencilhar dos ataques, e não se feriu.
“Eu estava tentando acalmar as pessoas e o cara me joga um coquetel molotov. Isso não é manifestação pacífica”, disse o policial, que preferiu não se identificar.
Pouco antes das 21h, a Avenida Presidente Vargas foi interditada nos dois sentidos, na altura da Avenida Rio Branco. No mesmo horário, a Avenida Presidente Antonio Carlos também permanecia fechada, no trecho da Avenida Almirante Barroso. Policiais militares e técnicos da Coordenadoria de Engenharia e Tráfego (CET-Rio) orientavam os motoristas.

Às 21h33, o tráfego na Avenida Presidente Vargas, no sentido Candelária, foi liberado. Já o sentido Central do Brasil continuava interditado.

De acordo com o Centro de Operações, às 21h55 todas as vias foram liberadas e não havia nenhum ponto de bloqueio.
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Vidros de banco foram destruídos em protesto contra o aumento das passagens de ônibus (Foto: Priscilla Souza/ G1)Vidros de banco foram destruídos em protesto
no Centro (Foto: Priscilla Souza/ G1)
Às 21h28, a tropa do Batalhão de Choque de Choque da PM avançou com bombas de gás para conter os manifestantes, em direção à Central da Brasil. Além de escudos e armas não letais, os policiais estão com cães para dispersar o tumulto.
Policiais do 5º BPM (Praça da Harmonia) seguraram os manifestantes na esquina da Avenida Presidente Vargas na esquina com a Rua Uruguaiana. O Batalhão de Choque entrou pela Presidente Vargas e jogou bombas de efeito moral em direção da própria polícia. Agentes avançaram com a ajuda de cães e dispararam tiros de bala de borracha contra o grupo que participava do protesto. Às 21h10, a cavalaria da Polícia Militar chegou ao local, colaborando para dispersar o grupo, que seguiu em direção à Central do Brasil.
Aumento
A tarifa aumentou de R$ 2,75 para R$ 2,95 no dia 1º de junho. Segundo a PM, às 19h havia 2 mil pessoas no ato, que começou na Igreja da Candelária com destino à Cinelândia. Até esse horário, o ato era pacífico e não havia detidos. No entanto, às 19h50, um homem levou uma pedrada. Por volta das 20h, um grupo pichou na fachada da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) "R$ 2,95, não".  O grupo também pichou "Fora, Cabral" nas pilastras da Alerj.
Homem levou uma pedrada durante a manifestação (Foto: Priscilla Souza/ G1)Homem levou uma pedrada durante a
manifestação (Foto: Priscilla Souza/ G1)
Às 20h40, um grupo sentou no cruzamento da Avenida Rio Branco com a Avenida Presidente Vargas, parando o trânsito.
Protesto Centro (Foto: Luís Bulcão/ G1)Protesto no Centro (Foto: Luís Bulcão/ G1)
Acessos fechados do Metrô
As entradas do Metrô Rio pela Avenida Chile e do Convento de Santo Antônio, da estação Carioca, chegaram a ser fechadas, assim como os das ruas Santa Luzia e Pedro Lessa e do Theatro Municipal na Cinelândia. Às 21h, apenas a Estação Uruguaiana tinha acessos fechados, com entrada e saída apenas pela Rua Senhor dos Passos.
Começo da confusão
Depois do Batalhão de Choque dispersar os manifestantes na Avenida Presidente Vargas usando bombas de efeito moral e disparando balas de borracha, o estudante Bruno Sued, de 23 anos, contou que a confusão foi iniciada por um grupo de cerca de 20 manifestantes.
Bruno Sued (à direita) colocou culpa do confronto nos manifestantes (Foto: Priscilla Souza/G1)Bruno Sued (à direita) colocou culpa do confronto
nos manifestantes (Foto: Priscilla Souza/G1)
"A maioria foi pacífica, mostrando a cara. Mas esses que vieram de máscara, casaco preto e bandeira vermelha é que começaram a confusão. A gente estava conversando com a polícia, eles jogaram pedras e coquetel molotov na direção dos policiais. Fizeram a maior barbárie. E nós somos contra isso", disse o jovem.
Reforço no policiamento
A PM reforçou o efetivo na região, segundo o comandante do 5º BPM (Praça da Harmonia), Sidney Camargo  À 20h, a assessoria de imprensa da PM informou que 100 homens do 5º BPM estavam no local, além de 120 do Choque.
passo a passo protesto rj (Foto: Arte/G1)
Mudança no trajeto
Quando chegaram no Theatro Municipal, uma votação foi feita pela organização do protesto. Os manifestantes optaram por entrar na Rua Araújo Porto Alegre e dobrar na Avenida Presidente Antonio Carlos, em direção à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Na segunda-feira (10), outro ato contra o aumento dos ônibus já tinha sido feito no Centro do Rio. No final, 34 pessoas foram detidas.
Uma das organizadoras do movimento, Priscilla Guedes, de 18 anos, disse, na tarde desta quinta, que esperava que a manifestação fosse maior do que a realizada ma segunda, quando o protesto terminou em confronto com a polícia nas ruas do Centro.
"Acreditamos que o ato público seja ainda maior, já que há uma mobilização nacional. Esperamos que seja um ato pacífico, mas estamos preparados para a repressão da polícia que tem sido desmedida, desproporcional", afirmou a estudante de História da UniRio.
A página do Facebook, que convocava a população a participar do ato teve mais de 13 mil adesões até as 15h30 desta quinta-feira. No espaço, os manifestantes trocaram informações sobre como se proteger da polícia, minimizando efeitos de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.


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